Toda forma de arte, tanto para quem a expressa quanto para quem desfruta, é potencialmente terapêutica, no entanto, o que pode diferenciá-la de outros modos de expressão ou fruir artístico, é o propósito. Na arteterapia cria-se um setting terapêutico no qual o arteterapeuta abre seu olhar e escuta para oferecer ao cliente experiências artísticas com a intenção de colaborar na simbolização de conteúdos inconscientes e elaboração de conteúdos já conhecidos para a integração das diversas experiências da vida, ou seja, existe uma intencionalidade de utilização de recursos expressivos e artísticos com fins terapêuticos.
O arteterapeuta facilita a expressão de conteúdos inconscientes e conscientes de seus clientes utilizando-se de recursos expressivos plásticos como desenho, pintura, modelagens diversas, argila, máscara, colagem, costura etc. Pode-se também usar técnicas expressivas como a música, a dança, o teatro, o palhaço, a contação de histórias, dramatização de miniaturas, de fantoches ou dedoches. Histórias variadas, contos de fada e mitos podem ser trabalhados tanto em junção com recursos plásticos como com técnicas expressivas. A fotografia também é um ótimo recurso para a arteterapia, assim como a escrita criativa.
As emoções ganham a possibilidade de serem experenciadas e confrontadas. As imagens dos sonhos, das fantasias e situações de vida podem ser expressas e trabalhadas a partir do uso de determinadas técnicas artísticas aliadas à compreensão emocional e intelectual de tais imagens, o que pode contribuir muito para o processo de individuação.
“Ao dar livre curso às expressões das imagens internas, o indivíduo, ao mesmo tempo em que as modela, transforma a si mesmo. Ao conhecer aspectos próprios se recria, se educa e, sobretudo, pode experienciar inserir-se na realidade de uma maneira nova. A pintura, o desenho e toda expressão gráfica ou plástica, bem como a música, a dança, a expressão corporal e dramática formam um instrumental valioso para o indivíduo reorganizar sua ordem interna, ao mesmo tempo reconstruir a realidade.” (ANDRADE, 2000, p. 125)
A linha de trabalho é a abordagem junguiana, baseada em conceitos da psicologia analítica de Carl G. Jung. Em síntese trabalhamos com o conceito de que o inconsciente pode dar notícias através da expressão artística para o nosso consciente de conteúdos desconhecidos. A partir do momento que esse conteúdo se apresenta temos mais chances de integrá-los em nossa psique e poder gerar transformação em nossas vidas.
Não é necessário nenhum conhecimento prévio e o objetivo não é o aprimoramento e a excelência artística. Pode acontecer um aprimoramento como consequência, mas não é o objetivo final.
Não é aula, é um método terapêutico para autoconhecimento e transformação pessoal.